Como cultivar pitaia orgânica

A pitaia, ou ainda, fruta dragão, como também é conhecida em algumas regiões, é o fruto produzido por diversas espécies de cactos epífitos, dos gêneros Hylocereus e Selenicerius.
Pitaia - Crédito: Shutterstock

Publicado em 9 de novembro de 2020 às 14h22

Última atualização em 9 de novembro de 2020 às 14h22

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Autores

Abner Crispim Batistaabnercrispim.11@hotmail.com

Alice Adelaide Carlos Silvaaliceslvs@gmail.com

Graduandos em Engenharia Agronômica – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Pitaia – Crédito: Shutterstock

A pitaia, ou ainda, fruta dragão, como também é conhecida em algumas regiões, é o fruto produzido por diversas espécies de cactos epífitos, dos gêneros Hylocereus e Selenicerius. A planta nativa da região da América Central e México, mas também é cultivada em outros países, como Israel, Brasil, China e Vietnã, que atualmente é o maior produtor e exportador de frutos de pitaia.

No mercado se destacam três espécies, a pitaia vermelha (casca e polpa vermelhas), a pitaia amarela (casca amarela e polpa branca) e a pitaia branca (casca rosa e polpa branca). No Brasil, a espécie (Hylocereus undatus) de polpa branca, passou a ser cultivada na década de 1990, no Estado de São Paulo, sendo a região de Catanduva a principal produtora.

Na década de 2000 outras espécies do mesmo gênero foram introduzidas, como (Hilocereus polyrhizus) de polpa vermelha, também reportada a uma pitaia nativa do Brasil, denominada pitaia do cerrado (Selenicereus setaceus).

Em destaque

Atualmente, a região sudeste do Brasil está entre as principais produtoras de pitaia, com destaque para os municípios de Socorro, Narandiba, Cedral e Arthur Nogueira, que são responsáveis por mais de 50% da produção oriunda do Estado de São Paulo, o maior produtor de pitaia do País em 2018.

Por ser rica em nutrientes, é considerada uma superfruta, pois possui várias propriedades benéficas à saúde, como alto teor de flavonoides, vitamina C, B1, B2, B3, cálcio, ferro, zinco, potássio, nitrogênio e manganês.

Cultivo orgânico

Por ser considerado um sistema sustentável de agricultura, os cultivos orgânicos não permitem o uso de produtos químicos sintéticos, que são prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, tais como alguns tipos variados de fertilizantes e agrotóxicos sintéticos.

O princípio da produção orgânica é o estabelecimento do equilíbrio da natureza utilizando métodos naturais de adubação e de controle de pragas.

O consumo de produtos orgânicos permite o fortalecimento natural da saúde humana, bem como os mecanismos de defesa do organismo. A adoção dessa prática de cultivo contribui para a conservação dos recursos naturais, com a recuperação da fertilidade do solo e a qualidade de vida do produtor rural, como também o consumo de alimentos mais saudáveis.

No campo, pode ser identificada a redução do uso de agrotóxicos e adubos químicos, o que melhora a qualidade dos solos, da água e do ar, preservando toda a biodiversidade.

A diferenciação de produtos orgânicos ocorre com base em suas qualidades físicas, decorrentes principalmente da ausência de agroquímicos, logo, estão mais diretamente relacionados à forma como esses produtos foram produzidos.

Mercado

O mercado para os produtos orgânicos está aquecido. Os consumidores estão cada vez mais interessados em sustentabilidade e em alimentos mais saudáveis – e estão dispostos a pagar mais por esse diferencial.

No Brasil, o produtor orgânico deve fazer parte do cadastro nacional de produtores orgânicos. A certificação de produtos orgânicos é o procedimento pelo qual uma certificadora, devidamente credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), assegura por escrito que determinado produto, processo ou serviço obedece às normas e práticas da produção orgânica.

A certificação é, portanto, a garantia de que produtos rotulados como orgânicos tenham de fato sido produzidos dentro dos padrões da agricultura orgânica, e se apresenta sob a forma de um selo afixado ou impresso no rótulo ou na embalagem do produto.

Nutrientes

Apesar de ser uma cultura rústica, que se aclimata com facilidade, a pitaia requer uma adubação rica em matéria orgânica e nutrientes, tais como nitrogênio, fósforo e potássio. O nitrogênio é necessário durante o crescimento vegetativo até o pré-florescimento por estimular a emissão de raízes e brotações.

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O potássio está relacionado à translocação de carboidratos e regulação da abertura e fechamento dos estômatos, sendo o fósforo necessário para a formação do fruto. Quanto à adubação orgânica, tem-se como opções convencionais o uso de estercos bovino, ovino, suíno, avícola, e ainda a possível utilização de composto orgânico.

Tabela 1: Relação nutriente e adubo orgânico

Adubo orgânico N (%) P2O5 (%) K2O (%)
Esterco bovino 1,70 0,90 1,40
Esterco ovino 1,40 1,00 2,00
Esterco suíno 1,90 0,70 0,40
Esterco de aves 3,00 3,00 2,00
Composto orgânico 1,40 1,40 0,80

*As concentrações do composto orgânico variam de acordo com a análise de cada um.

Com base nestas concentrações, na necessidade nutricional e pesquisas bibliográficas, a indicação de adubação para a cultura é de (750 mg/dm³ de N; 858,75 mg/dm³ de P2O5; 487,5 mg/dm³ de K2O). Para uma recomendação de adubação adequada para a cultura, é necessário uma análise físico-química do solo.

Pode ser utilizado, ainda, o granulado bioclástico, que são algas calcárias, as quais contribuem para o melhoramento físico, químico e biológico do solo, pois corrige o pH, melhorando a capacidade de assimilação de fertilizantes e a atividade biológica do perfil, favorecendo a disponibilidade de fósforo, além de ativar o desenvolvimento das bactérias autotróficas, sendo estas primordiais nas reações de nitrificação.

Cultivo e manejo

O cultivo da pitaia depende muito das condições climáticas e manejo adequado do produtor. Regularmente, utiliza-se o sistema de tutoramento, colocando-se uma estaca de madeira e fazendo a fixação da planta.

Na parte superior das estacas, fixam-se arames para que a planta cresça verticalmente até eles, e se espalhe horizontalmente. Esse sistema é denominado de espaldeira, muito semelhante ao que é usado nos cultivos de maracujá e de uva.

Custo de produção

Quanto aos custos de produção para o cultivo orgânico, utilizando, por exemplo, tratamento com esterco bovino e esterco de aves, com base nos custos de implantação e os custos operacionais, ficam, em média, R$ 48,57 por quilograma de fruto.

Para a produção de frutos de pitaia com adubação orgânica com esterco bovino e de aves, estes são os tratamentos que apresentam o menor custo total médio. As plantas adubadas com esterco bovino e esterco de aves produziram maior número de frutos por planta, e a adição de granulado bioclástico favoreceu a qualidade dos frutos de pitaia vermelha.

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